No século XIX, na região do Cariri cearense, novas formas de sociabilidades e de afetividades se fizeram presentes. Os sujeitos em suas práticas cotidianas, ou seja, uma forma de viver, marcadas por uma diversidade de objetos materiais, hábitos alimentares, saúde, higiene e crenças construídas e absorvidas, são objetos de análise da Prof. Fatiana Carla Araújo*, no artigo intitulado "Sociabilidades e afetividades no cariri cearense do século XIX".
Utilizando fontes como os jornais O Araripe e A Voz da Religião, dentre outras, Fatiana Araújo analisa a "adaptação às novas experiências cotidianas, apresentadas como espaço das resistências. Refiro-me à resistência como uma forma de inserção ao novo modo de vida, que se apresenta em um campo vasto de alternativas das maneiras de viver, no qual podem ser observadas práticas sociais de afetividade e sociabilidade".
Resumo: "O século XIX, no Cariri cearense, é caracterizado por uma grande diversidade de acontecimentos: a Revolução Pernambucana de 1817, a Confederação do Equador, o processo de Independência do Brasil e os confrontos nos sertões, a elevação do Crato à categoria de cidade, a criação de vários jornais (O Araripe, O Cratense, A Camphora, Vanguarda) e da revista A Província; criação do Clube Romeiro do Porvir, do Grêmio Filomático, do Reform Club; assim como do Mercado das Frutas, Mercado da Carne, construção dos cemitérios, cadeias, prisões, organização das feiras livres; a higiene é praticada nos banheiros públicos, aberturas das estradas intermunicipais, funcionalidade das ruas, criação de escolas e curso de latim, a construção do Seminário São José. Percebe-se uma necessidade de adaptação às novas experiências cotidianas, apresentadas como espaço de sociabilidades. Refiro-me às práticas de sociabilidades como uma forma de inserção ao novo modo de vida, que se apresenta em um campo vasto de alternativas das maneiras de viver. Analisando a constituição de subjetividades e suas inter-relações com outros aspectos da vida social, como identidade e a cultura material, busca-se compreender as práticas de sociabilidades e afetividades manifestadas na segunda metade do século XIX no Cariri, através dos jornais O Araripe e A Voz da Religião no Cariri. Discutem-se os conceitos de representações sociais, sensibilidades e sociabilidades analisados por Norbert Elias. O cotidiano aparece moldado pelas práticas de sociabilidades, pois a partir de experiências, saberes, lugares e suas interações, os indivíduos desenvolvem práticas de sociabilidades, como a leitura, a rua, o trabalho, o entretenimento, o lazer, a atividade religiosa e tantas outras mais. O cotidiano passa a ser um ponto de vista. A vida comum está refletida nas narrativas jornalistas que aproximam o passado do presente".
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*Fatiana Carla Araújo é vice-lider do Grupo de Pesquisa em História Social e Ambiente (NEHSA), grupo de pesquisa cadastrado no CNPq, vinculado ao Laboratório de Pesquisa em História Social - LABORE.
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